sábado, 18 de julho de 2009

Ambly


Estas duas ultimas semanas, estive em Ambly, uma pequena aldeia de 400 pessoas que se situa na Bélgica.
Fui como co-responsavel de viagem para as pessoas deficientes, para elas foram férias passadas com a gente.
Tinhamos varias deficiencias, pessadas e leves, deficiencias fisicas e deficiencias mentais.
Eu tinha sobre a minha carga uma mulher com deficiencia mental (debilidade profunda). A caracterisca dela é que ela pedia muitos carinhos, sobre tudo xi-corações ou que a gente lhe dê a mão. Mas mesmo se eu só estava responsavel dela, ocupei-me dos outros. Logo depois da primeira noite, decidi que iria trabalhar o autista. O que quero dizer é que ia fazer de maneira em que entra-se em contacto com ele (coisa que se faz em um mês). Mas consegui, fiz ele olhar três vezes de seguida para os meus olhos e desde ai ele fazia o que eu lhe pedia como por exemplo comer, não ter medo, acalmar-se... e o que eu achei graça foi que ele nos passeios seguia-me, se eu para-se ele parava, coisa que ele não fez com nenhum dos acompanhatores, nem o responsavel dele.
Também ocupei-me da outra autista que havia, só que ela era o caso mais pessado que a gente tinhamos porque para além de ser autista profunda, também era agressiva. Tinha de ser isolada do resto do grupo e quase sempre tinha de ficar no quarto porque batia em tudo. Eu com ela fiz o trabalho da musica (como um djembé), se batia com os pés no chão ela seguia-me, se batia com as mãos, ela respondia-me. Não foi fácil ao inicio mas depois conseguimos fazer algo juntas. Ao fim, ela dansou com o chefe, fomos dar uma grande volta com ela e os outros (todos juntos), ela deu-me a mão (o chefe de tão admirado que estava até tirou fotografias). Ela a unica coisa que pedia e de vez em quando era beijinhos ou mais raramente um xi-coração.
No dia 10 de julho, tivemos dois aniversarios, a da mais nova que fez 18 anos e da mais velha que fez 81 anos. Duas pessoas com deficiencia mental ligeira. O que me emocionou mais foi uma vez que a mais nova disse a frente de todos que eu era como uma irmã para ela, ela deu-me dois desenhos que guardei junto aos desenhos dos meus meninos que tive.

Se cada viagem nos aprende algo, há sempre perguntas que ficam no ar e nesta viagem vi que não era a unica com essas perguntas. Sejam elas das maneiras que tratam as pessoas que temos ao cargo, sejam elas em termos de trabalho ou mesmo de vida pessoal. Claro que ficam no ar e raramente alguém nos sabe dar uma resposta.

A minha conclusão desta viagem?
Uma pessoa deficiente nem sempre sabe que tem uma deficiencia, sabe que tem de tomar medicamentos mas não percebe bem o porquê.
Se há casos ligeiros e casos pessados, temos tendencia a ir directamente para os casos ligeiros, eu foi o contrario, fui directamente para os casos pessados e estas duas semanas disse e redisse "É pelo caso pessado que aprendes a lidar com o caso ligeiro."
Mais eu avanço com as experiencias mais eu duvido, mais tarde que tipo de publico quero trabalhar em psicomotricidade crianças 'normais' ou crianças 'deficientes'.
Para acabar que já está sendo longo, adorei a viagem mesmo se no fim de semana que tive de ir a Bruxelas tive um amigo meu (amigo da familia que me viu nascer) faleceu num acidente de carro, claro que a semana que seguiu fui-me a baixo mas mesmo sem eles saberem, as pessoas deficientes fizeram que eu não ficasse muito tempo em baixo e animaram-me :)

A próxima viagem com pessoas deficientes sera do dia 4 ao dia 11 de Setembro a Ambly. Este grupo sera um grupo que não teve a deficiencia desde que nasceram como foi o caso nestas duas semanas mas sim tiveram a deficiencia por causa de um acidente.

Fecho este post com uma fotografia que mostra uma pequena parte de Ambly.

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