Adeus S.P.

Sábado passado, eu e a equipa de ajuda aos Sem Papéis fomos convidados para o jantar do Adeus.

Se há mais de um mês, que a promessa dos 'nossos' SP terem os papéis nos foi dada e que vagarinho vemos eles a irem-se embora com os papéis (o que queriamos), reciavamos por o momento do Adeus.

Fiquei três semanas sem la ir por causa dos exames e no sábado quando la cheguei fez-me um choque, dos 725 SP, só lá estavam ainda 50-60 (não tive coragem de contar exactamente quantos eram). Fiquei uns 10 minutos a olhar para a sala de desporto (onde quase todos dormiam) que estava quase vazia, fui olhar nos outros lugares antigamente ocupados pelas mulheres e as crianças, já lá não estava ninguém.

A mim fez-me um choque, mesmo se fico contente por eles tenho aquele lado que habituei-me a eles, sempre foi 9 meses de combate, 8 meses onde os via varias vezes por semana.

Mas como habito fui bem aculhida, bebemos um chá, falamos, dei ainda alguns conselhos.

Depois chegou o resto da équipa, vieram com os braços carregados e mal a equipa chegou foi tudo ajudar e instalamos o comer para o jantar. Como tava calor decidimos comer na rua em cima na relva, estendemos varias toalhas seguidas uma da outra para fazer uma mesa gigante. Tinhamos uma mesa onde tinhamos o comer e cada um servia-se.

Sentados, comiamos e bebiamos. Lembramos-nos destes 9 meses de combate onde passamos tanto eles como a gente. Depois houve a hora das fotografias (claro que ela não podia faltar). Eu como sempre tinha a minha máquina fotografica comigo e havia mais duas ou três, divertimos-nos a tirar fotos para um dia mais tarde nos lembramos.

E foi assim que para eu e a équipa acabou o nosso combate onde pude ser enfermeira, animadora, assistente social, médica, ajudate, animadora, cozinheira, éducadora, escutadora...

Aprendi a trabalhar em condições de guerra, a trabalhar sem condições para tal, aprendi a ser coração de aço quando tive de o ser, a não mostrar as minhas emoções.

Acho que sem contar as noites que não dormi por causa do assunto, o que retiro é quase tudo positivo e aqui falo do lado humanista. Porque no lado politico ainda há muita coisa para mudar.

Agora a pergunta que ficou no ar na équipa é 'Para quando o próximo trabalho numa ocupação juntos?'

E é essa a pergunta que deixo no ar porque sei que infelizmente havera muitas mais como ainda há hoje. Quando sentirei-me de ataque, avancerei para outra e desta vez irei tentar aplicar-me menos sentimentalmente porque quando é a hora da separação, doi.

Dia 4, arranco para o meu outro projecto que é 'as férias das pessoas deficientes' :)